
🗺️Guia de Viagem: Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (roteiro de viagem com bebê e dicas)
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no norte de Minas Gerais, é um dos destinos de ecoturismo e arqueologia mais impressionantes do Brasil. Declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 2025, na semana da nossa visita por lá.
O parque preserva trilhas, enormes cavernas, pinturas rupestres de mais de 10 mil anos e um mosaico único de biomas (Cerrado, Caatinga e Mata Seca) . Tudo isso acessível por estradas em boas condições até a zona de visitantes .
O parque ganhou esse nome em virtude do rio Peruaçu, que corta toda a sua extensão e em função das mais de 140 cavernas catalogadas. Não se sabe ao certo a origem no do nome atribuído ao parque, mas conta-se que os povos indígenas da região, os Xacriabás, assim o chamavam. Peru significa buraco (vala, fenda) e Açu = grande.
Nós visitamos o parque como primeira parada da nossa viagem pela Estrada Real (saindo de Brasília) e ficamos impressionados com a grandiosidade do lugar.
Nesse guia, vou compartilhar todas as informações práticas para você colocar esse destino nos seus roteiros e nosso relato de viagem.
🎥 Assista também ao vídeo completo da nossa experiência no YouTube:
O que você precisa saber antes de ir
Planeje com antecedência – Essa é uma dica pela nossa própria experiência – planeje e agende sua visita com antecedência. Como nós descobrimos sobre o parque pouco tempo antes do início da nossa viagem, quase não conseguimos o agendamento em tempo.
Além disso, tivemos que alterar o roteiro para conseguir encaixa-lo na viagem. Alguns turistas desavisados chegam no parque sem atentarem a essa informação e muitas vezes dão viagem perdida.
Por não termos conseguido planejar com antecedência, também não conseguimos hospedagem mais próxima à entrada do parque..

Condutor de turismo é obrigatório – Para visitar os atrativos do parque é necessário estar acompanhado de um condutor credenciado. É ele quem vai fazer o agendamento da visita no parque e indicar o melhor roteiro de acordo com sua disponibilidade. O condutor que nos guiou é o Sr. Cizo. Um amor de pessoa, bem experiente. Para agendar o seu roteiro com ele, basta entrar em contato:
Limite de visitantes – o parque e os passeios tem limite de visitantes, por isso quase ficamos sem data disponível. Precisamos contar com uma desistência para conseguir fazer os passeios.
O parque não abre às segundas – isso também dificultou na hora de tentarmos encaixar o parque na nossa viagem, portanto é importante se planejar com antecedência.
Como chegar e cidades base🏨
A sede do Parque fica na comunidade do Fabião I, às margens da BR 135, km 155. O parque está entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões. Sendo as duas primeiras as mais populares. Januária a maior e mais estruturada, no entanto um pouco distante do parque (45km) e Itacarambi a opção mais próxima (cerca de 15 km da entrada) .
Já São João das Missões, fica a cerca de 1h30 do parque e é menos procurada. Essa poderia ser uma boa opção para quem busca uma experiência mais autêntica e cultural, pois abriga a Terra Indígena Xacriabá.
- De carro: Saindo de Brasília, são cerca de 600 km até a cidade de Januária.
- De avião: O aeroporto mais próximo é o de Montes Claros (MOC), a 180 km do parque. De lá, é necessário alugar um carro.
- De ônibus: É possível chegar a Januária ou Itacarambi, vindo de Brasília, Belo Horizonte ou Montes Claros. Mas para acessar os roteiros do Parque é necessário veículo motorizado próprio ou alugado.
Obs. Não encontrei opção de aluguel de carro na região, sendo o mais indicado já chegar com o carro alugado ou contratar alguma excursão com transporte incluso. Em Januária há algumas opções de agência de turismo.
Nós escolhemos a cidade de Januária como base, pois reservamos bem próxima da nossa chegada e não encontramos opções em Itacarambi.
📅Quantos dias ficar
Isso vai depender bastante do seu tempo disponível. É possível aproveitar a sua passagem e conhecer apenas o atrativo mais famoso, por exemplo, como a Gruta do Janelão, que demanda um período do dia e ainda conhecer mais alguma caverna.
Mas e se você tiver tempo disponível o ideal para visitar todos os atrativos disponíveis seria 4 dias completos.
Como essa era uma parada de uma viagem maior, tínhamos 2 dias disponíveis e fizemos a Gruta do Janelão e a Lapa do Rezar. Claro que sem criança da para explorar mais atrativos em dois dias, mas nós gostamos de fazer tudo com calma.
🌄Atrativos do parque
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu conta com mais de 140 cavernas catalogadas, mas apenas uma parte é aberta à visitação. Entre os destaques:

Gruta/Lapa do Rezar

Tem aproximadamente 100 metros de extensão e é conhecida pelas pinturas rupestres que chegam a ter mais de 10 mil anos de história. As paredes guardam registros feitos por povos pré-históricos que habitaram a região.
O que o guia Cizo nos contou é que a Gruta do Rezar recebeu esse nome porque os antigos moradores da região vinham até aqui para fazer suas orações.

Esse é um dos atrativos atrativos que mais exige esforço físico, em função dos mais de 500 degraus de escadaria para subir.
Gruta do Janelão

A Gruta do Janelão é o cartão-postal mais famoso do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
Com mais de 4 quilômetros de extensão, o caminho é muito agradável de percorrer. O rio Peruaçu corta toda a extensão desse cenário majestoso e imponente.
Outro ponto impactante da Gruta é a Perna da Bailarina, a maior estalactite já registrada com 28 metros de altura. Outros espeleotemas também podem ser vistos no caminhos como as cortinas e cascatas de pedra.
Todo o percurso da gruta costuma durar em média 4 a 5h30 horas, incluindo as paradas para contemplação e explicações do guia.

Lapa do Boquête
Um dos sítios arqueológicos mais estudados do Parque, onde foram encontrados restos mortais de povos antigos e a presença de estrutura de armazenamento de alimentos pré-histórica.

Lapa dos Desenhos

Trilha bem agradável margeando o rio Peruaçu. A Lapa dos Desenhos possui grandes painéis de pintura rupestre e diferentes estilos, técnicas e utilizando uma grande variedade de pigmentos extraídos dos recursos naturais do Parque.
Interessante perceber que uma parte das pinturas eram realizadas em uma altura considerável o que indica que aquela civilização ali existente utilizava alguma técnica de escalada ou possuíam algum tipo construção para acessar lugares mais altos.
- Distância: 2,2 km (ida e volta)
- Tempo estimado: 2h30 min (ida e volta)
- Nível de dificuldade: moderado
- Atrativos: história regional da gruta
Lapa do Índio
Esse sítio arqueológico fica de frente à Gruta do Janelão, com um mirante onde é possível ver a entrada da gruta e a área do centro de visitantes.


Lapa Bonita

É a gruta mais rica e diversa em espeleotemas como estalactites e estalagmites, travertinos, ninhos de pérolas, helictites, couve-flor, escorrimentos, colunas, além do Salão Vermelho, coberto por sedimentos avermelhados.

Gruta do Carlúcio | Gruta do Caboclo


Arco do André


Para quem gosta de fazer trilhas roots e com pouca ou nenhuma estrutura como nós, não pode deixar de fazer esse atrativo. A trilha conta com o Mirante das Cinco Torres e do Mundo Inteiro, a Caverna do Arco do André, Troncos e Cascudos e ainda com trechos em que se margeia o Rio Peruaçu, complementando o cenário único.
O Arco do André é um dos atrativos mais procurados pelos visitantes mais dispostos e sem crianças pequenas para carregar.
A dificuldade de fazê-lo com bebês ou crianças pequenas se deve não apenas à distância, subidas e descidas íngremes dos terrenos acidentados, mas por possuir trechos com passagem muito estreita em que só passa uma pessoa por vez.

🚙Nosso roteiro de 2 dias 🥾
Dia 1 – Trajeto – Brasília > São Francisco > Januária
Dia de dar início a nossa viagem de 15 dias passando pelo Estrada Real, percorrendo o Caminho dos Diamantes e Caminho Velho, que tem início em Diamantina – MG e fim em Paraty – RJ.
Percorremos o trajeto de 422 km até a cidade de São Francisco (MG), onde iríamos pernoitar. Não contávamos que no caminho teríamos uma travessia de balsa pelo rio São Francisco, o que atrasou um pouco a nossa chegada.
São Francisco é uma cidade às margens do Velho Chico e o que não contávamos é que teríamos que atravessá-lo de balsa pra chegar na outra margem.
Quando chegamos uma balsa já estava saindo e tivemos que esperar ela voltar e com isso chegamos bastante tarde em São Francisco.

Dia 2 – Gruta do Rezar





Saímos em direção à Januária, a cidade que utilizamos como base para fazer as Cavernas do Peruaçu. A estrada toda de terra, bem ruim. Depois de 2h chegamos no hotel, deixamos as coisas e fomos em direção ao parque. Foram mais 1 hora de trajeto. Rodovia em boas condições.
Paramos na comunidade de Fabião, Itacarambi, onde almoçamos no restaurante Comida Caseira da Mariza e encontramos nosso condutor, o Sr. Cizo.
Do povoado até a recepção do parque são 15 min. Ao chegarmos no parque fomos surpreendidos positivamente com a infraestrutura, tudo novinho e organizado.

Fizemos check-in, Dan no canguru, Pedro com a mochila. Protetor solar, repelente e partimos.

A trilha que iríamos fazer é a da Lapa do Rezar. A trilha foi bem puxada pela quantidade de peso que estávamos levando eu com o Dan e Pedro com mochila e equipamentos. Além disso, atividade física não estava muito em dia. A trilha em si é toda estruturada e há um trecho bem chatinho de subida, são 500 degraus que dá uma cansada.
A caverna é gigante e há pinturas rupestres gravadas em sua entrada que datam 12mil anos. A caminhada dentro da caverna em si é bem curtinha, 70 metros, mas bem bacana de fazer. Curtimos bastante o passeio.
Retornamos para Januária e o Pedro foi comprar jantinha para comermos no hotel, não conseguimos opção de Ifood na cidade.
Dia 2 – Gruta do Janelão

Saímos cedo em direção à comunidade de Fabião para encontrar com Cizo. As expectativas estavam bem altas para conhecer o principal atrativo do parque.
Fizemos o check-in na recepção do parque e partimos em direção à segunda recepção, onde há um estacionamento e um museu.



Iniciamos a trilha do janelão, no caminho visitamos mais sítios arqueológicos com pinturas rupestres. Ao chegar na “boca” do Janelão já ficamos impactados com a grandiosidade.
Dentro da caverna forma-se um microclima bem fresco com uma vegetação incrivelmente verdinha, bem diferente da vegetação exterior, parece um cenário encantado. Isso porque, diferentemente de outras cavernas que já estivemos, a Gruta do Janelão possui iluminação natural ao longo dela, por meio de Dolinas, claraboias que se formam com a queda do teto da caverna. Uma dessas claraboias possui o formato de coração.


Quanto mais adentrávamos, mais ficávamos surpreendidos com a beleza do local. Difícil de se demonstrar em sua totalidade por meio das câmeras.
Fizemos uma parada para descanso e para fazer um lanchinho e seguimos passando pela Pena da Bailarina. Finalizamos a trilha e retornamos.

Visitar a Gruta do Janelão é vivenciar a grandiosidade da natureza em sua forma mais pura, com formações criam que um espetáculo visual impressionante. Nós que já estivemos em várias cavernas, podemos afirmar com propriedade que essa é a caverna mais bonita do Brasil!
Retornamos para a comunidade de Fabião e almoçamos uma boa comida mineira na Pousada e Restaurante Recanto das Pedras. O fim de tarde foi em uma estrutura de praia à beira do Velho Chico, na intitulada maior praia mineira.
🔄O que faríamos diferente
- Se tivéssemos nos planejado com antecedência, teríamos reservado ao menos 1 dia a mais para conhecer mais atrativos.
- Teríamos nos hospedado na região de Fabião, para economizar tempo de deslocamento até o parque.
📖Curiosidades
👉Os sítios rupestres fazem parte de um dos maiores acervos de arte pré-histórica das Américas. 👉Esse foi um dos últimos parques nacionais a abrir ao público, justamente para preservar sua riqueza arqueológica.
Diferença entre gruta, caverna e lapa
Muita gente se pergunta: qual a diferença entre os três termos? Eu mesma fiquei confusa e fui pesquisar.
➡️ Caverna é o termo genérico para qualquer cavidade natural no solo.
➡️ Gruta é um sinônimo popular de caverna, usado em várias regiões do Brasil.
➡️ Lapa é outro termo regional, bastante usado em Minas Gerais, Bahia e Goiás
O que são espeleotemas?
Durante os passeios, você vai ouvir muito essa palavra. Espeleotemas – formações rochosas que ocorrem no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água. os exemplos mais famosos são as estalactites (que crescem do teto para o chão) e estalagmites (que crescem do chão para o teto). Quando uma estalactite e uma estalagmite se unem, formam uma coluna.
Outros espeleotemas encontrados nas Cavernas do Peruaçu são as cortinas e cascata de pedra.
Espeleologia – é ciência dedicada ao estudo das cavidades naturais, como cavernas e grutas, abordando a sua formação, evolução, meio físico e as formas de vida que as habitam.
Espeleofotografia – é a arte de fotografar dentro das cavernas. Essa modalidade da fotografia exige um pouco mais de técnica, e equipamentos um pouco mais elaborados, porque geralmente não há muita luz dentro das cavernas.

Dicas práticas – o que levar e como se vestir
- Leve água e lanche
- Prepare-se fisicamente: algumas trilhas como a Lapa do Rezar e Arco do André exigem bastante esforço.
- Use roupas confortáveis e tênis adequado: de preferência bota de trilha ou tênis firme com boa sola.
- O Parque esta inserido em uma área endêmica do mosquito palha (Phlebotominae) transmissor da Leishmaniose (Leishmania), assim: É FUNDAMENTAL O USO DE CALÇA COMPRIDA, BLUSA DE MANGA COMPRIDA E O USO DE REPELENTES, para diminuir o risco de contaminação
- Para criança sempre bom usar meia comprida por baixo da calça, pois ao pegá-los ou quanto estão no canguru/carregador, a calça costuma subir.
- Não se preocupe com a combinação dos atrativos o condutor de turismo irá montar o seu roteiro de acordo com suas necessidades e tempo disponível.
- Para levar os bebês/crianças na trilha – um bom canguru ergonômico, nós usamos com o Dan desde pequenininho esse aqui👉Canguru Ergonômico Ergobay OMNI 360.

- Para crianças maiores, mochila carregadora como as da Deuter, com conforto e segurança👉Mochila Kid Confort da Deuter
- Para trilha com bebês e crianças – seja flexível, se atente ao ritmo deles e não marque muitos atrativos em um mesmo dia.
Outros atrativos da região
Além das grutas e cavernas que fazem do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu um destino único, a região ao redor oferece experiências que complementam a viagem:
🌳 Alameda das Barrigudas
A poucos quilômetros de Januária, a Alameda das Barrigudas é um espetáculo natural formado por árvores centenárias da espécie Ceiba speciosa, conhecidas como “barrigudas” por causa do tronco robusto e volumoso.
O cenário é especialmente bonito no período de floração, quando as copas ficam cobertas de flores rosas.
É um passeio rápido, acessível de carro, que rende fotos impressionantes e pode ser feito com crianças sem dificuldades.
🚤 Passeio de barco pelo Rio São Francisco
Outra experiência bacana é o passeio de barco pelo Velho Chico, em Januária ou em cidades vizinhas.
Os passeios costumam durar entre 1h e 3h, dependendo do trajeto escolhido. Dá para encaixar bem com um atrativo no parque pela manhã, vimos grupos que iriam fazer esse passeio depois da gruta do Janelão.
É uma oportunidade de contemplar as paisagens do rio, observar a fauna local e conhecer mais sobre a importância histórica e cultural do São Francisco para as comunidades ribeirinhas. Atividade leve e relaxante, indicada para todas as idades — inclusive para famílias com bebês.
Centro Histórico de Januária
O centro histórico conserva casarões antigos e a tradicional Praça Getúlio Vargas, que ainda respira o clima do interior mineiro às margens do Rio São Francisco.
Curiosidade: Januária também é famosa pela produção de cachaças artesanais, algumas delas premiadas nacionalmente. Uma visita a um alambique local pode render boas histórias e lembranças de viagem.
Praia do Rio São Francisco
A praia do Rio São Francisco, considerada a maior praia fluvial de Minas Gerais. Durante a seca, de julho a setembro, o nível do rio baixa e revela uma faixa extensa de areia branca, criando uma paisagem quase litorânea no coração do sertão mineiro. É o ponto perfeito para relaxar no fim do dia e apreciar o pôr do sol sobre o “Velho Chico”.
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é uma joia nacional que merece não somente uma passagem e parada estratégica como fizemos, mas uma visita intencional bem planejada para aproveitar cada detalhe.
E essa foi só a primeira parada da nossa jornada pela Estrada Real, que vai render muitos outros capítulos!
Onde se hospedar
Para fazer as cavernas do Peruaçu a melhor opção é ficar hospedado próximo ao parque. O povoado de Fabião, que fica a 15 min da entrada do parque, é pequeno e possui poucas opções, por isso tem que reservar com antecedência.
A vila é bem rústica e não possui estrutura turística, portanto as pousadas geralmente oferecem café da manhã, almoço e janta, além de lanches para trilhas.
Nós gostamos bastante da pousada em que almoçamos e certamente teríamos nos hospedado lá, se houvesse vaga.

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